quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Como serão as comunicações baseadas em cloud em 2020?

Por Matt Hamblen, da Computerworld-EUA

Publicada em 17 de fevereiro de 2011 às 10h00


CTO da AT&T afirma que usuários podem se tornar independentes de dispositivos ao ter todos os seus dados pessoais armazenados na nuvem.

Em um cenário futuro, as comunicações sem fio baseadas na nuvem poderão proporcionar o armazenamento de todos os dados sobre a vida de uma pessoa e usar vários algoritmos e sistemas de computação para analisá-los e gerar inteligência para que o indivíduo nunca perca nomes, endereços, fatos marcantes e outras coisas importantes. A previsão é do chefe de tecnologia (CTO) da AT&T John Donovan, sobre as comunicações em 2020. E ele mesmo as classifica como assustadoras.
De acordo com sua linha de raciocínio, a armazenagem de tudo o que é importante na nuvem dispensaria a necessidade de telefones celulares e tablets personalizados para cada indivíduo. Na sua visão, qualquer pessoa poderá dirigir até o jantar na casa de um amigo e usar um dispositivo celular para fazer uma ligação e mandar uma mensagem ao inserir uma senha ou colocar o dedo em um dispositivo biométrico. O dispositivo iria recuperar todas as informações pessoais do indivíduo na nuvem, incluindo o número de telefone e endereço de e-mail da pessoa contatada. Nesse processo, até os nomes dos filhos desse amigo estariam disponíveis. “As respostas para tudo poderão estar acessíveis por meio das nossas impressões digitais e a informação será móvel e compatível com qualquer dispositivo”, explica Donovan.
Como resultado desse rico repositório de informações na nuvem, as pessoas poderão ser mais independentes de dispositivos. “Os softwares partirão para uma convergência e os dispositivos vão se desintegrar. Teremos menos dispositivos privados. Assim, não haveria necessidade de carregar um dispositivo móvel para visitar uma pessoa; bastaria pegar um emprestado e realizar uma autenticação.”
De acordo com Donovan, a AT&T já está experimentando esses conceitos de cloud em seus laboratórios. Um dos estudos usa informações sobre padrões de chamadas telefônicas e uso de dados que as operadoras coletam há anos. Um dos padrões bem conhecidos é a alta incidência de ligações para a própria residência nos domingos à noite.
Com as análises de padrões, as comunicações e acesso a informações ficariam mais convenientes. “Se eu nunca respondo determinados tipos de ligações ou e-mails, eu não deveria vê-los. Horas do dia, dias da semana, localização, trabalho versus vida pessoal... essas coisas não são tão difíceis de serem analisadas”, afirma Donovan.
Um resultado que Donovan já obteve de sua própria linha telefônica foi uma lista de 30 amigos, classificados em ordem de importância, por meio do estudo de padrões. “Para meu alívio, minha esposa estava em primeiro lugar”, brinca. Por meio dessa lista, a empresa pode deduzir os melhores amigos e dar prioridade a eles nas comunicações via telefone, e-mail, texto etc.
O mesmo tipo de estudo pode acontecer com o comportamento da família em relação à televisão e também para aplicações muito mais avançadas. O nível de detalhamento chega a níveis tão invasivos que Donovan admite inicialmente que o uso dessas tecnologias pode ser controverso e assustador. “A ordem dos meus 30 amigos que o laboratório me entregou era melhor do que uma classificação feita por mim mesmo”, disse. “Se é assustador hoje, vai se tornar em algum momento nos próximos anos.”
Donovan admite que inicialmente haverá tentativas enormes de barrar projetos do tipo por conta de proteção à privacidade. Além disso, ele diz que fabricantes como a Apple, tão orgulhosos dos seus smartphones e tablets, ainda vão vender um mundo no qual todos precisam ter seu próprio dispositivo.
Apesar disso, o executivo acredita que o desapego dos dispositivos deve acontecer em algum momento. E ainda faz uma reflexão filosófica: “Tais tendências vão promover uma revolução social, na forma como as pessoas vivem. A vida será muito mais flexível”, opina.
O analista da ABI Reserach, Devin Burden, acredita que a visão de Donovan não é forçada, embora acredite que a ideia de manter informações pessoais na nuvem é extremamente controversa. Algo que indica isso é o fato de que os usuários de mobilidade já esperam que a internet esteja acessível  em qualquer lugar do mundo onde eles estejam. “O que Donovan prevê é totalmente viável, mas a gente realmente quer isso?”, pondera.
Burden afirma que faz sentido buscar maneiras de não carregar tantos dispositivos móveis. As pessoas já superaram a ideia de que os aparelhinhos dão símbolo de status ou acessório de moda, então já não haveria problemas de usar dispositivos que não necessariamente reflitam a personalidade.
Por fim, o analista alerta que casos de vazamento de informações pessoais na internet, inclusive armazenados na nuvem, devem servir como aviso. “Muitas pessoas podem não querer viver de acordo com esse modelo. É uma questão muito pessoal”

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